Forbes: A contribuição de Santa Catarina para o ecossistema tecnológico do Brasil

Forbes: A contribuição de Santa Catarina para o ecossistema tecnológico do Brasil

Segundo recente matéria da Forbes, Santa Catarina, localizada no sul do Brasil, está determinada a elevar sua posição no cenário de inovação do país, aproveitando fatores únicos que a diferenciam de outros estados. O epicentro da cena de inovação do estado é a sua capital, Florianópolis, conhecida por ter a maior densidade de startups por habitante no Brasil. Portanto, com uma população de apenas 500.000 habitantes, a cidade emergiu como a força motriz por trás do boom tecnológico do estado, concentrando-se predominantemente em modelos B2B. Ou seja, nos quais as empresas projetam sistemas para outras organizações em vez de consumidores finais.

Forbes: A contribuição de Santa Catarina para o ecossistema tecnológico do Brasil

Florianópolis: Um berço de sucessos

Florianópolis foi o berço de empreendimentos bem-sucedidos que passaram por algumas das maiores fusões e aquisições do Brasil. Como a RD Station, uma empresa de marketing digital adquirida pela gigante de software Totvs, e a Neoway, uma empresa de big data comprada pela B3, ambas por cerca de $340 milhões em 2021. Além disso, o estado abriga empresas de tecnologia estabelecidas que antecedem o boom das startups e também recebe empresas emergentes e gigantes globais como Mercado Livre, Zoho e Zucchetti.

“Diante de seus desafios, como a falta de reservas significativas de petróleo ou minerais e a ausência de vastas terras agrícolas, somadas às adversidades naturais como secas, inundações e furacões, Santa Catarina teve que se voltar para uma base econômica alternativa para garantir o crescimento”, disse Marcelo Fett, um veterano do setor e o primeiro Secretário de Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Dessa forma, a criação da secretaria apoia o objetivo coletivo do ecossistema catarinense de acelerar a indústria de tecnologia do estado. Que é atualmente composta por 22.125 empresas de tecnologia com um faturamento combinado de aproximadamente $4,5 bilhões. E dessa forma, representa 6% do PIB do estado.

Portanto, isso coloca Santa Catarina como o sexto maior polo tecnológico do Brasil. O objetivo agora é dobrar essa contribuição até 2026. Mediante medidas como a concessão de crédito para empreendedores. Bem como, a expansão de empréstimos estudantis e incentivos financeiros para empresas orientadas para a pesquisa dentro do estado. Mais detalhes sobre isso, a serem revelados ainda este ano. “[Santa Catarina] é um estado com muito a seu favor, especialmente quando se trata de tecnologia. E precisa de modernização para ir ainda mais longe”, disse o governador do estado, Jorginho Mello, em entrevista para a jornalista Angelica Mari, da forbes.

Espírito empreendedor impulsionado pela escassez

Inerentemente arriscados em suas vidas pessoais, os imigrantes contribuíram para o espírito empreendedor local, disse Engelmann, acrescentando que a disposição deles para correr riscos, combinada com a escassez de oportunidades enraizadas na cultura local, catalisou a criação de inúmeras startups. “Somos um estado formado por imigrantes, que dependiam da ajuda mútua para sobreviver. Isso naturalmente promove o empreendedorismo e a associação, gerando resultados tangíveis”, observou.

Outra razão fundamental pela qual o ecossistema tecnológico em Santa Catarina é tão significativo em comparação com seu PIB é a escassez, de acordo com Rafael Assunção, sócio de uma empresa de fusões e aquisições com sede em Florianópolis, Questum. “O estado tem um número limitado de empregos corporativos, especialmente em comparação com estados como São Paulo ou Rio. Além disso, existem universidades de alta qualidade que formam inúmeros talentos. Que não são necessariamente absorvidos pelas grandes corporações”, disse Assunção. Acrescentando que esse cenário resulta em uma situação única. Com oportunidades limitadas, o empreendedorismo se torna um dos poucos caminhos viáveis.

Assunção faz uma comparação entre Santa Catarina e Israel, enfatizando como as limitações podem impulsionar a inovação. “Ambos os lugares, embora distintos em natureza, são marcados pela escassez de recursos. Ou seja, que leva as pessoas a pensarem fora da caixa”, observou o investidor.

Portanto, esse ecossistema impulsionado pela escassez em Santa Catarina e a falta de um grande mercado consumidor levaram à proliferação de startups B2B. Dessa forma, essas empresas tendem a ser mais eficientes em termos de capital e centradas no cliente: em vez de dependerem de grandes somas de capital externo, essas startups concentram-se em criar valor real para os clientes. “Esse conjunto de características torna as [startups locais] particularmente atrativas para investidores e parceiros estratégicos, pois oferecem soluções testadas e validadas no mercado”, observou Assunção.

Setores com Alto Potencial de crescimento

Quando questionado sobre os setores específicos com alto potencial de crescimento, Assunção apontou para as fintechs e as retail techs. “Esses setores estão preparados para se beneficiar das novas tecnologias, especialmente com a atual onda de inovação em torno da inteligência artificial. Eles lidam com volumes transacionais e dados vastos, atendendo a consumidores cada vez mais ávidos por experiências personalizadas”, disse ele.

Preparando-se para um mercado global

A próxima fronteira para o setor de tecnologia de Santa Catarina, de acordo com Engelmann da ACATE, é o alcance global. “Estamos bem posicionados e é hora de hastear nossa bandeira internacionalmente. Ou seja, mostrando que a expansão global é parte integrante da jornada dos empreendedores locais”, destacou ele.

As startups de Santa Catarina já começaram a deixar sua marca globalmente. Entre elas, a Decora, uma empresa que fornece cenários de decoração em 3D para varejistas, é um exemplo de sucesso. Vendida para a empresa americana Creative Drive em 2018. A tecnologia da empresa agora é utilizada por algumas das maiores redes de varejo do mundo. Como Apple e Walmart. “O mercado brasileiro grande e complexo estimula os empreendedores a criar soluções de classe mundial”, disse Assunção.

Desafios e oportunidades

Um dos desafios para esse ecossistema brasileiro é desenvolver a capacidade de narrar e promover melhor suas histórias de sucesso. De acordo com Assunção da Questum: “Embora o estado possa não ter histórias de sucesso gigantescas como o Vale do Silício… Possui centenas de vitórias menores, mas significativas, que valem a pena serem celebradas”.

Com informações @ Luxury Home Floripa e Matéria em inglês na Forbes.